Asinhas

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Biblioteca Escolar da EB1/JI de Loures

quarta-feira, 2 de abril de 2014

HOJE É O DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL













 Cartaz criado Ana Biscaia
vencedora do Prémio Nacional de Ilustração no ano passado. 



CartazOficial
                                               Cartaz internacional criado por Niamh Sharkey

O Dia Internacional do Livro Infantil comemora-se no dia de nascimento de Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês que inventou muitas e muitas histórias para crianças.

Aqui fica a mensagem deste ano, divulgada pelo IBBY (The International Board on Books for Young People). É uma carta dirigida às crianças, assinada pela escritora irlandesa Siobhán Parkinson e traduzida para português por Maria Carlos Loureiro (da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas).

Carta às crianças de todo o mundo


Os leitores perguntam muitas vezes aos escritores como é que escrevem as suas histórias – de onde vêm as ideias? Da minha imaginação, responde o escritor. Ah, sim, dizem os leitores. Mas onde fica a imaginação, de que é que ela é feita, e será que temos uma?
Bem, diz o escritor, fica na minha cabeça, claro, e é feita de imagens e palavras e vestígios de outras histórias e palavras e fragmentos de coisas e melodias e pensamentos e rostos e monstros e formas e palavras e ondas e arabescos e paisagens e palavras e perfumes e sentimentos e cores e ritmos e pequenos cliques e flashes e sabores e explosões de energia e enigmas e brisas e palavras. E fica tudo a girar lá dentro e a cantar e a parecer um caleidoscópio e a flutuar e a pousar e a pensar e a arranhar a cabeça.
Claro que todos temos uma imaginação: se assim não fosse, não seríamos capazes de sonhar. Contudo, nem todas as imaginações são feitas das mesmas coisas. A imaginação dos cozinheiros tem sobretudo paladares, e a dos artistas mais cores e formas. Mas a imaginação dos escritores está cheia de palavras.
E nos leitores e ouvintes das histórias, as imaginações fazem-se com palavras também. A imaginação do escritor trabalha e gira e molda ideias e sons e vozes e personagens e acontecimentos numa história, e a história é apenas feita de palavras, batalhões de rabiscos que marcham ao longo das páginas. E depois chega o leitor e os rabiscos ganham vida. Ficam na página, parecem ainda rabiscos, mas também brincam com a imaginação do leitor, e o leitor começa igualmente a desenhar e a rodar as palavras de modo a que a história se crie agora na sua cabeça, tal como tinha acontecido na cabeça do escritor.
É por isso que o leitor é tão importante para a história como o escritor. Há apenas um escritor para cada história, mas há centenas ou milhares ou mesmo milhões de leitores, na própria língua do escritor ou traduzida para muitas línguas. Sem o escritor, a história nunca terá nascido; mas sem os milhares de leitores em todo o mundo, a história não viveria todas as vidas que pode viver.
Cada leitor de uma história tem alguma coisa em comum com os outros leitores da mesma história. Separadamente, mas também em conjunto, eles recriam a história do escritor com a sua própria imaginação: um acto ao mesmo tempo privado e público, individual e colectivo, íntimo e internacional. Isto deve ser aquilo que o ser humano faz melhor.
Continua a ler!
Siobhán Parkinson